sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Piloto Destaque - Henrique Gusso Netzka
Caí de páraquedas no mundo do vôo livre quando, em 2006, época em que estudava inglês, sofri uma lesão séria praticando corridas de rua. Apesar de os fatos parecerem desconectados, cada um deles teve sua parcela de culpa no mau humor que tenho hoje nas semanas em que o mau tempo nos impede de fazer um voozinho - nem que seja um prego!
Acontece que, naquele ano, eu ocupava todos os meus fins de semana com treinos longos de corrida (de várias horas) pelas ruas de Curitiba, e era feliz assim. Fizesse chuva, frio, sol, estava eu lá, firme e forte! Até que, numa bela sexta-feira, empolgado e confiante demais com o esporte, o excesso de treinos me pegou de jeito, e me fez incapaz de colocar o pé no chão por mais de uma semana. Dois meses depois, já conseguindo andar mas sem poder correr, eu já entrava em depressão. Não tinha nada para fazer nos meus fins de semana. Até que lembrei que um dos meus professores de inglês, João Saporski (conhecido no voo como João Carbão), sempre falava do tal parapente. Conversávamos disso pois eu, na época do curso, estava um pouco envolvido com o páraquedas. Entrei em contato com ele e, no dia 21 de outubro de 2006, eu começava o meu curso com o Max, da Max Paragliding.
Lembro-me do meu primeiro contato com o esporte como se fosse ontem. Cheguei ao clube da Cordilheira e virei criança novamente. O clube, sem luz elétrica e com água encanada de uma nascente do morro, possuía algo fantástico, um ar diferente, inexplicável. Fiz uma aula experimental e, ao final do dia, subimos o morro. A visão de cima era impressionante. Sempre gostei de paisagens de montanha, também por ser escalador (de araque, mas ainda assim escalador), e aquilo era a união perfeita de tudo: eu podia ir alto, podia voar, eu estava num lugar em que meu celular não possuía sinal, não podia ligar um computador e nem ver TV. Encontrara o que eu precisava!
Um mês depois fiz meu primeiro prego, depois outro, depois outro, e no meu sétimo vôo consegui fazer meu primeiro lift, de 40 minutos, em plena quinta-feira (na qual matei trabalho). Apenas meses depois eu me tocaria de que, ao menos em Curitiba, é durante a semana que dá voo: nos finais de semana é chuva ou tempo ruim! Mas isso, na minha época de preá, eu realmente não tinha parado pra pensar...
De lá pra cá, o voo me trouxe muitas alegrias - e algumas coisas ruins também, que é pra eu lembrar de ter os pés no chão ao achar que algo nesta vida pode ser livre de defeitos. Dentre as alegrias, em grande maioria reunidas em voos de cross, eu poderia contar três que foram realmente marcantes para mim.
Duas delas aconteceram no feriado de 7 de setembro de 2007, quando eu voava num Sol Ellus 2. No primeiro dia de voo eu ainda nem acreditava que eu realmente não pregaria, e de repente me vi a 1300 metros da rampa. Foi tão normal girar aquela termal que nem percebi que jamais havia estado tão alto. E esperei todo o pessoal chegar junto, lá na base da nuvem. Gauchito, Kau, Leilão, Millhouse e outros curitibocas estavam conosco nesta barca. Lembro-me bem do Ronnie também chegando junto na termal, depois de ter tentado sair para o cross e desistido pela baixa altura. E eles chegaram junto, e foram embora. E eu fiquei, claro! Simplesmente não sabia o que fazer. E de repente resolvi segui-los. Mas eles sairam da termal e eu, que ainda estava nela, os via despencando (claro, eu subindo e eles na descendente). "Vou pregar se segui-los", pensei, "mas vou!". E fui. E desisti no meio do caminho. E voltei. Mas achei que também não chegava no morro de volta. E fui de volta. Mas não vi mais ninguém. E, de repente, eu pousava depois do meu primeiro cross: 5km contra-vento, numa burrada que me fez rir muito depois (pra não chorar, no caso). Neste dia o Kauan e a Leila fizeram 42km, e eu - só pra terminar a cagada - caminhei uns 7km, com a mochila nas costas, até o camping onde estávamos. Durante a caminhada eu refletia sobre o tamanho da burrice...
No outro dia, "muito mais esperto" (e tendo escutado conselhos de diversos pilotos), tive a segunda alegria. Fiz 40km, num céu azul e depois de quase ter pregado. Foi muito marcante pois eu realmente fui para Tangará dando risada do Kauan quando ele me dizia que sim, era possível fazer 36km! E foi mesmo. Foi meu primeiro cross (se descontarmos o dia anterior). Gravei um vídeo da minha alegria e pousei muito feliz. Na realiadade, hoje, já com alguma experiência (ainda que pequena), percebo o quanto perdido eu estava neste voo de 40km. Ele realmente só foi possível por um misto de 60% de sorte, 39% de condição muito boa e cerca de 1%, se muito, de técnicas de pilotagem que eu ACHAVA que possuia. Mas, ainda assim, foi uma alegria enorme.
E, por último, um voo curto mas extremamente marcante pra mim: a travessia Gaspar - Camboriú, em 2009. Este tem duas razões: a primeira é porque foi meu primeiro goal, o que é uma alegria à parte; e a segunda pelo visual alucinante que foi ver a praia a 1400m de altura. A paisagem foi fantástica, realmente muito legal; este voo é uma espécie de sonho para muitos pilotos que voam na região, e foi sem dúvida uma alegria enorme tê-lo feito. Como se não bastasse, ainda consegui pagar a viagem com o dinheiro da premiação do campeonato, o que tornou aquele voo ainda melhor! :-)
E é isso. Sou extremamente novo neste mundo, com pouco menos de 3 anos de voo, e ainda tenho que aprender muito para chegar no nível dos pilotos que eu realmente considero "destaques" no esporte. Mas, com um passo depois do outro, talvez um dia eu chegue lá! Certo?! Abraços, e ponto.
Vídeo em :
http://www.youtube.com/watch?v=_G5xhEYzsH8
Henrique Gusso Netzka
http://saudeesorte.blogspot.com
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