Relato Jaraguá-GO por Dalton Spadotto

Jaraguá – GO 21 à 28/07

Impelido por causos de voo e contados pelo Tomate, João, e Sildomar há pelo menos 2 anos onde descreviam condições clássicas para o cross, entremeadas a dusts devils, decolagens bola de fogo e muito mais, chegou minha vez de ir à “meca” do voo livre nacional, Jaraguá – GO. Entrei nesta viagem com um record pessoal de 22km feito em Andradas e disposto a derrubá-lo, e se muita sorte tivesse entrar na turma dos “enta”, ou seja fazer pelo menos 40 km....kkkkkk

Saímos de Curitiba Eu, Sildomar, Rosaêngela e Tomate em 21/07 às 3:45h, chegamos ao destino exatamente às 19h. Viagem tranquila. Durante o trajeto vinham me contado mais e mais causos sobre como era forte, sobre como era o voo, mas também me acalmando dizendo: “Choveu muito e está tudo muito verde, não será tão forte assim.”. Análise essa que me deixava um tiquinho mais calmo.

Chegando lá encontramos o Deonir, 5º elemento de nossa barca que havia participado do XC Cerrado e iria nos acompanhar em nossa semana de Personal XC. Pequeno na altura, mas gigante na experiência quando o assunto é XC, fui buscar com ele algumas diquinhas pro voo local. De imediato ele perguntou como estava minha pilotagem ativa e completou dizendo para eu não me preocupar, era apenas ficar “badela”!!!hehehe Fáááácilllllll.....kkkkkk


Fomos ao primeiro dia. Chegando na rampa a ventaca comendo e todos abrindo os equipamentos como se fosse a coisa mais normal do mundo!!! Pensei: “Dá onde!”. O vento devia estar uns 40Km/h (e estava!)... eu só repetia, isso não vai rolar. Logo os mais experientes falaram para ter calma que logo a atividade termal bloqueava um pouco. Sem pensar muito abri o equipo e me preparei para decolar com o pelotão do PR. Não é que rolou! Decolagem susse e neste dia, lembrando só de ficar “badela” mandei um preguinho de 5 km. Vooinho mais pra descarregar a tensão.

Segundo dia. Muita preparação técnica no café da manhã com o XC Skies para definir rota, estratégias e tudo mais. Decolagem do mesmo jeito. Sol, ventão e neste dia o céu marcado por boas formações. Decolei novamente junto com o pessoal Deonir, Sildomar e Tomate. Logo consegui ganhar à esquerda da rampa, quando estava a uns 500m da rampa mandei para trás seguindo a rota prevista, peguei uma linha sustentada bem na direção do vento enquanto o Sildomar lutava para subir mais à esquerda. Muita turbulência (para o meu nível, não sabia o que me esperava nos outros dias) e segui no voo. Termal atrás de termal, ganhava acima de 1500m e mandava pra frente. Acelerei o voo sem perceber. Logo vi a cidade de Itaguari em minha frente, passei por ela, girando uma bolhinha e mandei adiante. Pousei este dia por volta das 14:30h perto de Capelinha. Logo em seguida passa o pelotão encima de onde pousei, o Tomate vomitando e os outros 2 acelerando forte! Neste lugar já havia ficado meu record e minha meta da viagem. Fiz 48 km. Um voo memorável. Tomate pousou mais adiante e Sildomar no Km 68 e lá fomos nós buscar o Deonir no Km centoecassetada!

Terceiro dia, planos no Xc Skies, segundo o Deonir era o melhor dia da semana e tínhamos que aproveitar. Rota para Itaberaí e São Luiz dos Belos Montes. Subida a rampa tudo igual, sol, ventão, porém sem formações. Decolei com os caras e lá fomos nós. Dei uma ralada na saída, tirei de cima do pouso, subi até uns 2000m e segui a rota. Enquanto o pessoal tentava voar junto à direita da rota, segui pela esquerda, mais uma vez dei sorte e peguei uma boa linha com muita atividade e fui seguindo no voo. Meu GPS falhando tempo todo. A cada 10 minutos tinha que reiniciá-lo tirando as pilhas. Pensa numa chateação! Muita turbulência, eu ia meio que “fugindo” das termais, o teto devia estar a uns 3300m mas colocava 2500m e mandava pra frente. Sem perceber vi o quanto meu voo estava acelerado (denovo) pois estava à frente de toda turma. Quando percebi isso vi o Deonir vindo com o IcePeak 6 a toda me “chupinhar” na termal...hehe Ali eu vi o que é uma máquina voadora....o Piloto e a vela! bah! Logo o Deonir e o Sildomar me ultrapassaram e mandaram para Itaberaí. Chegaram baixo na frente da cidade e ganharam perto de um aviário. Aprumei para lá e logo estava girando encima de Itaberaí. Fui tentando seguir a rota com o Deonir me passando a direção pelo rádio já que meu GPS funcionava quando queria. Saindo de Itaberaí em direção a Americano do Brasil liguei me GPS, vi que já havia feito uns 60 km. Isso às 15h! Mais que satisfeito relaxei, o pensei, o que vier a mais era lucro. Comecei a fazer uns videozinhos, fotos e não esperava mais muita coisa.

Neste momento parei para pensar em muita coisa, como em como cheguei até ali. Comecei a lembrar do nada de palavras que me diziam sobre o voo e sobre a vida. Logo veio meu pai dizendo: “Se vai fazer algo, faça bem feito!”; o Ronnie: “Se mantenha voando o máximo de tempo possível que os Kms vem.”; o Sildomar que me disse um dia antes: “Dalton, quem voa 5km reúne todas as competências para voar 100!”; no Tomate “Bora vuáááá!”. Também ´veio o Fernado Pradi que uma vez quando eu falei para ele que meu record era 22 km, ele disse que: “22 km não é nada. 40 km não é nada pro Synergy4. As velas de hoje em dia são para fazer 110, 120 km no mínimo!” e completou: “Eu fazia 100 km com cada bacalhau!”; minha noiva Andressa que me acompanhou o voo todo e ecoava “Vai, voa e pousa beem lonjão!”, que me disse por sms antes da decolagem. Isso tudo além de muitas outras pessoas que naquele momento me emprestaram suas palavras de apoio.

Isso tudo mais o Deonir chamando não tinha como não seguir. Me empolguei, concentrei e segui com o voo. Ganhei em Americano, girando encima do cemitério..onde o Sildomar disse que não gira por nada!hehehe e mandei para frente. O Deonir no rádio me chamava para uma roubadinha e deu a letra: “Encosta na serra e vem embora que você chega na outra rodovia”. Mandei na serra e tava lá! Girando a + ou - 1,5 m/s fui até o fim dela junto a um enxame de urubus derivando, derivando... Ligo o GPS e vejo, Km 95, a 2000m...16:45! Era O dia! Mal pude acreditar, deixei a vela voar à vontade... tudo o que eu havia sofrido no voo livre estava ficando para trás naquele dia! A marca buscada por todo voador, eu conseguiria conquistar naquele dia! Nem pude acreditar, fui voando, vendo o GPS, fotografando, filmando, pensando, contemplando...

98, 99...99,7.... 100km!!!!! Grito de alegria! Foto do GPS e um sonho realizado! Foi um momento onde vi que tudo o que eu investi no voo valeu à pena, e valeu muito! Todas as horas, dedicação, grana, paciência, viagens e tudo mais. O que um voo desses proporciona é único. É não é possível descrever em palavras. É uma marca que leva-se para toda a vida! Ainda em voo agradeci a todos os envolvidos. Ninguém conquista algo deste tamanho sozinho. É Deus, família, namorada, amigos, muita gente junto que ajuda a uma pessoa conquistar seus objetivos.

Pousei no km 104,8. Outro piloto, outra visão sobre o voo livre, senão sobre si mesmo. Neste momento comecei enviar mensagens e ligar para todas as pessoas que lembrei durante o voo, pois era um momento muito feliz! E como diz o filme, “Felicidade só é real quando compartilhada”. Logo o resgate chegou e viram o quanto feliz eu estava. Neste dia o Sildomar pousou logo à minha frente com 108km e o Deonir com mais centoecassetada. Infelizmente o Tomate pegou uma ralo, mas rraaaalooo antes de Itaberaí e foi pro chão com 41km.

Os demais dias seguiram muito bem. Voos ótimos dia a dia. O Tomate quebrou seu record 2 dias depois, Sildomar e Deonir com voos acima dos 100 também diariamente. Eu preguei no dia depois dos 3 dígitos. Sexta-feira um voo de 23 km e para fechar 80 km no sábado.

Jaraguá é de fato um lugar onde todos que querem quebrar seus recordes devem ir! Muito voo. Condição perfeita todos os dias. Lugar que propicia uma evolução na pilotagem e leitura de condição sem paralelo! Jaraguá é a Pipeline do voo livre onde quem quer voar, e voar para ir pousar bem lonjão! como me disse a Andressa.







minha bundinha.... é rosinha....